O poema Tabacaria de Alvaro de campos, um determinado trecho me chamou a atenção.
"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido."
pois como no poema, vivemos com mascaras, ninguém nunca é aquilo que apresenta ser, vivemos com mascaras, mas por que? é interessante o fato de sermos tão falsos, com nós mesmos e com os outros, mas na maioria das vezes nós mesmos não sabemos quem somos, e por que tudo isso? o por que simplesmente não sermos nós mesmo? já nos acostumamos tanto em fazer e agir como querem, o mundo de hoje, impondo que você use mascaras, o mundo de hoje está roubando a nossa identidade, dizendo o que devemos ser e como devemos agir, e por que não tirar as mascaras de uma vez? e poder finalmente sermos nós mesmo?
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O vento fazia balançar as folhas que caiam uma a uma no chão frio de rocha bazalto. O velho homem caminhava de chapeu, bengala e seu casaco preto. Suas expressões eram tão crueis quanto a de um leão com fome que rasga a presa sem sentir dó. Caminhava todos os dias até seu trabalho, um lugar cheio de papéis e arrogância, onde as pessoas viviam seu mundo sem reconhcer suas máscaras.
O homem, na sua essência era humilde, mas se vestia de arrogância para poder viver. No trabalho, sentia uma forte necessidade de ser ele mesmo, mas quase sempre esse desejo era reprimido. Os outros, também tão cheios de máscaras, tentavam se ensconder no anonimato – uma outra forma de mascarar a realidade. Acreditavam no que viviam e nos seus personagens.
O homem, apesar de humilde, vivia um personagem que não era, para poder sobreviver. Belo ato.
Às vezes tido como arrogante, era apenas uma defesa. A máscara dependia do tamanho de quem a possuia. E ele possuia a humildade, porém, como uma flor, se defendia.
